Eu olhava para ele, fascinada. Queria falar mas não podia, pois as pessoas que assistiam a missa me ouviriam. Então Caíque pegou na minha mão. Fiquei fascinada, estremeci inteira! Ele não era fumaça, sua mão era quente e macia como a de uma pessoa viva. Senti uma espécie de eletricidade percorrer meu corpo inteiro, quando ele entrelaçou seus dedos aos meus. Perdi o ar... ai meu Deus, seria possível que eu, uma mulher casada, estava me apaixonando por um fantasma?
Depois que a missa acabou, Caíque seguiu caminhando ao meu lado.
- Seu marido não está em casa. - me informou. - Foi fazer uma cesariana de emergência numa cadelinha pintcher chamada Dara.
Arregalei os olhos. Daria realmente ia ter filhotes por aqueles dias!
- Como você sabe? - perguntei, estupefata.
- Ser um fantasma tem suas vantagens. respondeu Caíque com um meio sorriso.
Chegamos. Ao abrir a porta, vacilei.
- Não vou atravessar a porta. - disse Caíque rindo, como se lesse meus pensamentos. - Embora possa fazer isso. Mas não quero assustar você, Ro...
Entramos. Caíque sentou-se no sofá. A sala estava com as cortinas cerradas e tinha uma penumbra agradável. Antes de sair eu acendera um incenso, que impregnava o ambiente com um perfume agradável.
Eu tinha sede. Caíque sorria para mim.
- Traz uma cerveja pra nós. - pediu com suavidade. - Também estou com sede.
Mais uma vez fiquei boquiaberta.
- E... os mortos bebem? - murmurei.
Ele assentiu, sem desviar de mim seus olhos de água.
- Claro, querida... - respondeu. - A gente come... bebe... a gente pode fazer tudo que fazia quando era vivo. Nada se faz por uma transição brusca. Não deixamos de ser humanos porque nosso corpo morre..
Eu o vi erguer-se e andar ao meu encontro. Recuei até a parede, e ele me pegou pela cintura e me encoxou. Envolvi seu pescoço forte com meus braços, meus seios roçavam naquele peito másculo. Tudo em Caíque era de uma pessoa real; o calor, o toque, a pegada - e que pegada! -Maurício jamais me provocara aquelas sensações! Ele me beijou, e eu senti que estava morrendo, derretendo, perdendo o ar..
- Ai meu Deus... - murmurei... - Caíque, eu sou casada... e você está morto!
- Esqueça isso... - respondeu Caíque, me beijando no pescoço. - Você sabe que seu marido não te ama... nem você a ele. E quanto ao fato de eu estar morto... não existem barreiras para o amor, Ro! Porque o amor ultrapassa tudo, até a morte... eu tive muitas mulheres, mas nunca senti por nenhuma o que sinto por você. Vamos ficar juntos por toda a eternidade... quer, Ro? Diga que sim...
E enquanto falava, ele ia aos poucos me empurrando para o tapete. Senti suas mãos em minhas coxas, abrindo meu vestido... arranquei sua camisa, sentindo os pelos de seu peito suados... e me entreguei inteira...